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1626 - 2017 (Portugês, versão completa)

Não sabia o que é que eu estava a fazer ali. De facto, não sabia onde estava nem como tinha chegado ali. Estava numa vila muito antiga, com casas de pedra, ruas estreitas e sem carros. Só algumas carroças de cavalos. Fiquei ali, de pé, com a minha indumentária pouco apropriada para a época e o lugar. Eu tinha uns jeans e uma camisa branca, ao contrário da gente à minha volta que vestia roupas antigas. Vestidos, trapos..., e muitos deles não tinham sapatos. Olhei ao redor e foi como se eles não me pudessem ver. Mas havia uma miúda que não parava de olhar para mim. Foi como se eu a conhecesse. Olhamo-nos nos olhos, até que um homem veio contra mim. Então fui falar com ela.
- Desculpe, onde estou?
- Está em "Brancalua" uma vila das "Zonas Altas".
- E em que ano?
- 1626. - suponho que a surpresa no meu olhar dizia tudo o que ela queria saber. Mas ainda perguntou. 
- De que ano vem?
- 2015. - então foi a sua surpresa que me fez sorrir. Mas não parecia que achasse que eu estava louco. - Porque não está assustada? Acredita no que eu lhe digo?
- Sim, acredito. Não estou assustada porque o meu avô tinha-me contado histórias de personagens como você. Que chegavam com indumentárias estranhas e de outros anos futuros. 
- E o que é que eles vinham fazer aqui? 
- Eles tinham uma missão, e quando eles a cumpriam, iam embora. Qual é a sua missão?
- Não sei. 
- Não sabe? Então porque está aqui?
- Esse é o meu problema. Não sabia onde estava, agora já sei; não sei como cheguei aqui e não sei o que tenho de fazer aqui. - começava a ficar preocupado.
- Então, venha comigo, por favor. 
- Vai ajudar-me? Porquê?
- Primeiro porque não pode ficar com essa roupa aqui. Segundo porque se não o ajudo eu, ninguém o ajudará. Ninguém mais pode.

Segui-a até à casa dela. Era uma casa pequena, de pedra, oculta num beco entre as ruas mais concorridas da vila. Se não fosse porque ia com ela, eu não a teria encontrado. Entramos pela pesada porta de madeira. A entrada só tinha a iluminação duma vela na mesa e o lume da lareira. Subi as escadas com ela e guiou-me a um quarto.
- Espere aqui, por favor.

Mas só tardou 5 minutos. Quando voltou, trazia roupas de homem do meu tamanho e da época apropriada.
- Muito obrigado.
- De nada. Espero-o embaixo.
Depois de mudar-me, desci as escadas e então descobri-a. A minha missão. Numa cadeira de madeira estava sentado um homem que não conhecia, mas de quem tinha ouvido falar, e muito. Tinha à minha frente uma lenda do mundo mágico, um personagem que tinha marcado um momento da história. O primeiro homem que mudou definitivamente de época (e o único). Mas a minha surpresa foi maior quando me chamou pelo meu nome. 
- Venha João.
- Como sabe o meu nome?
- Eu fiz com que você viesse.
- Porquê?
- Amélia, podes deixar-nos, por favor? 

Contou-me a sua história, como tinha chegado lá, do ano 1930 ao 1595, para alterar o curso da guerra entre as Zonas Altas e as Zonas Baixas e se tinha apaixonado duma das criadas do rei. Então decidiu ficar lá com ela, ainda que isso fosse contra todas as regras porque podia mudar o curso da história. E agora ele queria que eu continuasse com uma parte do seu trabalho, recrutar magos ainda não descobertos. Só tinha de andar à procura deles fazendo coisas que só os magos poderiam ver.  

Fui com a Amélia ao mercado. Lá, ela foi fazer as compras e eu comecei com o meu novo trabalho. Estalei os dedos e fiz uma luz que era a chamada para os magos. Só aqueles que tinham poderes podiam percebê-la. Normalmente só os que a conhecem o fazem, mas provavelmente os magos da época não a conheceriam e acudiriam por curiosidade. Cada mago tinha a sua cor, dependendo da sua família e do seu caráter. A minha é azul. Só estive à espera 5 minutos e eles começaram a chegar. Todos falavam uns com os outros, curiosos. Finalmente um falou comigo. 
- Que foi isso? Por que não vêm todos?
- É a chamada dos magos. Só os que tem poderes podem percebê-la.
- Magos? Está louco? Dê uma prova.
Não podia fazer muito, senão eles teriam medo, e isso não é bom. Aliás, todos na rua poderiam vê-lo, e então o problema seria ainda maior. Foi por isso que fiz a chamada outra vez para eles verem que a tinha feito eu, e sem truques aparte da magia pura. Mas tinha de convencê-los, assim que decidi fazer algo um pouquinho mais impressionante. Fiz com a mão o movimento de agarrar alguma coisa no ar e disse:
- Cavalheiro, tinha alguma moeda no bolso?
- Sim.  Uma de seis "valores".
- Veja o seu bolso, por favor. 
- Não está! 
- Não, está no seu. 
Assinalei um senhor e fiz como se deixasse alguma coisa no ar.
- Tenho-a! 
- Como fez isso? 
- É fácil. Estalei os dedos outra vez e a moeda apareceu na minha mão. 
Todos se surpreenderam muito.
- É nós podemos fazer isso?
- Sim, com um pouquinho de prática.
- E o que é que fazem os magos?
- Encarregam-se de fazer com que a história siga o seu curso sem grandes catástrofes viajando no tempo ou simplesmente mediando entre as pessoas. 
- E teríamos de deixar tudo?
- Não. Poderiam fazê-lo se quisessem, mas não é o típico. Podem viajar só para uma missão e voltar ao seu tempo e lugar de origem.
- E onde praticam?
- No "limite", a linha do tempo por onde viajamos. Os que querem poderão ir comigo, partirei dentro de uma semana mais ou menos. Farei a chamada um dia antes para os que quiserem.

Voltei para a casa da Amélia e do Fernando e pelo caminho percebi uma magia muito grande. Não tinha sentido nenhuma presença maga tão forte em toda a viagem. Talvez não tivesse andado à sua procura. Mas conhecia-a, e não era a do Fernando, a do Fernando tinha-a analisado antes. 

Virei-me para ver quem era, mas não vi nada mais do que antes na profundidade da noite. Mas ouvi uns passos. Virei-me outra vez e vi a Amélia num canto. Era ela. A sua magia despertou a minha curiosidade. Era incluso mais poderosa do que a do Fernando.

- Amélia. O que faz escondida?
- Só queria ver o que tinha vindo fazer aqui, na vila. 
- Já lhe disse uma vez que não sabia.
- Mas falou com o meu pai e achei que já saberia...
- Sim. Eu achava que sabia. Mas não sabia. Até agora.
- Que quer dizer com isso?
- Acho que a minha missão é você. 
- Eu? - a sua expressão era de medo, quase de terror.
- Não se preocupe. Você é uma maga, e diria que o que tenho de fazer é treiná-la para aproveitar o seu potencial.
- Potencial?
- Ainda não sabe. Mas você tem muito poder nas suas mãos. - agora estava surpreendida. Era normal. Depois de tudo, ela não sabia que era maga...

E depois dessa conversa começou a verdadeira aventura.

A Amélia e eu chegamos à casa dela e falamos com o Fernando. 

- Fernando, descobri o grande poder da Amélia. Porque não me tinha dito nada?
- Queria que descobrisses tu. - disse-me ele, que já me tratava por tu, era mais alto do que eu, e já me conhecia um pouquinho mais.
- E o que é que quer que eu faça? Tenho de levá-la comigo? - perguntei. 
- Amélia, podes deixar-nos um momento, por favor?
- Não, porque vão falar de mim, e também quero decidir. - respondeu ela. - Ou nem sequer conta a minha opinião?
- Amélia, por favor. Não me faças isto mais difícil do que é. Vai embora um momento e depois falamos.
Finalmente ela foi embora e nós falamos.

- Tens razão, não te fiz vir só para seguir com a minha missão, mas também para levar a Amélia contigo. Ela deveria viver no futuro e ser treinada para ser importante. Não sei porquê, mas o seu potencial é muito grande, muito maior do que o meu, e ela nem sequer sabia que o tinha. 
- E eu, porquê?
- Tu também tens mais potencial do que achas, mas é um potencial oculto. Só alguns podem vê-lo, e isso faz com que possas passar despercebido. 
A minha expressão era de completa surpresa. Não acreditava no que o Fernando me estava a dizer. 
- Isso é bom?
- Sim, se fazes o bem com ele. Por isso quero que treines a Amélia. Os dois melhorarão ao mesmo tempo.
Durante uns minutos os dois estivemos em silêncio absoluto. Eu pensando, ele observando-me. Finalmente, depois de uns minutos, ele disse-me:
- Chama a Amélia, por favor. 

Fui à sua procura, estava no seu quarto. 
- Amélia, pode vir comigo falar com o seu pai, por favor? - estava zangada, mas resignou-se e veio comigo. 
Chegamos à sala e ele falou primeiro. 

- Amélia, gostaria de contar-te a verdadeira história desta família. - ela simplesmente assentiu para deixá-lo falar. - Há 31 anos eu não estava aqui, eu não vivia neste ano nem nestas terras. Vivia nas Zonas Baixas, no ano 1930.
O Fernando fez uma pausa para ver se a Amélia queria dizer alguma coisa.
- Zonas Baixas? 1930? - sim, queria dizer alguma coisa, a sua expressão era de completo descrédito. - E o que vieste fazer aqui?
- Sim, Amélia, Zonas Baixas em 1930. E vim por uma missão, tinha de evitar a guerra entre as Zonas Altas e as Baixas. Eu era um bom mago, e encomendaram-me a missão mais difícil da época. 
- E porque ficaste aqui?
- Apaixonei duma mulher, a mais bela que tinha visto na minha vida. 
- Quem? 
- A tua mãe. Uma das criadas do rei. 
A mãe da Amélia tinha morrido quando ela tinha 6 anos. Ela quase nem se lembrava da sua imagem, mas lembrava-se dos seus detalhes: os contos na noite antes de dormir, os seus jogos...

- E que tem isso a ver com o João?
- Eu fiz com que ele viesse para treinar-te e levar-te ao futuro.
- Ao futuro? - disse eu, estranhado.
- Sim. O lugar da Amélia é no futuro, ela nasceu para o futuro. Sempre fala de como seria a vida no futuro, quer fazer inventos... Se ela não quiser, eu não posso obrigá-la, mas acho que é o melhor para ela. – então, dirigiu-se diretamente a ela. - Amélia, talvez não queiras deixar isto. Sei que tens os teus amigos, a tua vida feita aqui, mas ultimamente, às vezes, estás triste e acho que mudar de ares far-te-ia muito bem. E se não gostares podes voltar. - Fez uma pequena pausa para ela assimilar e continuou. - Quanto ao treino. Isso gostaria que o fizesses porque com o teu potencial poderias ajudar muito os outros e também viver melhor.
- E porque não a usas nunca?
- Uso-a, mas a magia só é visível para os que são conscientes da sua existência. E tu não tinhas acreditado na sua existência até que viste o João e falaste com ele. Ele pode ajudar-te como tu podes ajudá-lo. Juntos poderão fazer grandes coisas neste mundo. - E sorriu como se visse o futuro.


E aqui estamos, dois anos depois, em 2017, depois de já termos evitado uma terceira guerra mundial e a morte do planeta, quase impossível com o aquecimento global que havia em 2015...

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